sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Entrevista a Pedro Navalho ( Treinador do SC Sanjoanense)





Olá amigos,
Hoje tenho a oportunidade de falar de mais uma pessoa que anda neste mundo do Futebol, Pedro Navalho. Como tinha escrito na minha ultima entrevista, este senhor, foi mais uma pessoa que marcou a minha carreira de futebolista. Estava eu com 22 anos, quando rumo de Loures para o Carregado (foi dos poucos clubes onde fiquei 2 anos seguidos), onde encontrei uma família, um grupo fantástico, liderada pelo Navalho, o capitão. Naquele gigante, de voz grossa em campo, vi uma pessoa frontal, honesta, amiga, preocupado com o grupo, sensível a todos os problemas do balneário, justo, e quando tinha que discordar com um diretor assim fazia.  É importante dizer que tive bons capitães, mas a diferença do Navalho e como o Vítor, é que não eram necessariamente coniventes com a direção, ou seja, existe muitos que estão lá para gerir o balneário, e controlar, e muitas vezes não tem a coragem (ou é conveniente) de ir contra as ideias do diretores, estes tinham essa coragem. 





Como jogador, era um leão (sei que não é do Sporting), um gladiador, inspirava toda a equipa, motivava todos os jogadores, e não permitia que ninguém baixasse os braços, confesso que o grito dele era intimidador para mim, ou seja, eu sabia que não podia parar de lutar, pois ele perdoava o erro, não perdoava falta de atitude e de empenho, tínhamos que deixar a pele em campo. Curioso é que fora do campo é uma paz de alma. Ganhei muito respeito pela pessoa, e pelo atleta, e a sua postura no futebol foi também inspiradora para mim, e para o meu crescimento pessoal (isto que estou a escrever é a primeira vez que digo, e sei que ele não sabe disso porque nunca comentei, mas é um facto). Existem pessoas que passam na nossa vida e deixam a sua marca, Navalho é uma dessas pessoas.
Abraçou agora a carreira de treinador, não sei como treina, mas uma coisa tenho a certeza, que a sua postura perante o Futebol é igual, é a mais correta.




Entrevista:



S- Nome, idade, clube atual?
PN-  Pedro Navalho, 38 anos, S.C.Sanjoanense

S- Clubes que já treinaste?
PN- Santa Iria, Vila Franca do Rosário e Sanjoanense

S- Quando é que decidiste que ias ser treinador?
PN- Quando joguei no Santa Iria quis experimentar a treinar uma equipa. Comecei por treinar os juvenis e foi uma experiência incrível mas o gosto por jogar sempre foi mais forte. Por uns tempos deixei de pensar nessa via no futebol ate que apareceu a lesão.

S- Sei que tiveste um final de carreira como jogador difícil, fala-me dessa situação, o que sentiste?
PN- No dia 19 de Agosto de 2009 no campo do bucelas rasguei o tendão de Aquiles. Esta lesão levou me  a acabar a carreira de jogador. A operação correu bem e sentia me motivado que seria possível voltar a jogar após 2 meses e meio comecei a fisioterapia, fazia numa clínica de manha e a noite no clube fazia novamente. Aqui tenho que agradecer a Joana pela paciência que teve comigo. Cada dia que passava mais motivado estava, inscrevi-me no ginásio para ganhar massa muscular. Em Dezembro fui a ultima consulta no hospital, fui super satisfeito porque tinha a certeza que ia ser dada a alta medica. O medico perguntou me como me sentia e expliquei que estava super bem e ele olha para mim e diz ainda bem Navalho que não ficaste com nenhuma mazela mas futebol de competição esquece, joga na brincadeira com amigos. E ai senti um vazio enorme, a dor foi maior do que quando rasguei o maldito tendão. Mas hoje compreendo que me tenha só dito no fim que não jogaria mais, pois se calhar não tinha recuperado tão bem.

S- Fala-me da tua primeira experiência como treinador, o que aprendeste?  Tiveste que mudar algo em ti?
PN- A primeira experiência foi como treinador dos juvenis em Santa Iria. Tinham uma boa equipa e praticamente a única coisa que era preciso foi mudar o psicológico deles pois perder era normal para eles. Como treinador de seniores foi muito parecido pois também teve que ser feito um trabalho mais psicológico porque o valor eles tinham. Aprendi que devemos de acreditar sempre no nosso trabalho, ter muito rigor e disciplina. Não mudei praticamente nada pois continuo sempre a defender o meu grupo mas já o fazia enquanto jogador.

S- Achas que podias ter continuado com o projecto? Tinhas condições?
PN-  penso que tas a falar do projecto Vila Franca do Rosário. Sim acho que podia continuar. Sou despedido por telefone após a derrota em casa com o Tires que acabou por subir de divisão. Mas o grande culpado desta situação fui eu. Não sou de me esconder, assumo sempre a culpa nas derrotas. Aprendi muito neste ano. Quando subi de divisão devia ter dito ao presidente para escolher entre mim e um treinador que estava no clube, os dois no clube não era possível. Agora faz sentido quem não mata morre.

S- O que achas que é a vida de treinador? O que difere da vida de jogador?
PN- Talvez se viva a base de resultados, talvez por isso se houve tantas vezes as desculpas com árbitros, com os campos, com o tempo, com as bolas enfim tudo serve de desculpa na hora da derrota. A minha vida de treinador e passar o maior possível de ensinamentos que tive enquanto jogador, quero conquistar vitorias e tenho conquistado muitas, a maior delas todas e ser respeitado por todos ou quase todos agentes do futebol. A grande diferença e que enquanto treinador não conseguimos desligar o chip do futebol, estamos sempre a pensar na nossa equipa.

S- Como classifica esta nova reorganização dos campeonatos?
PN- Acho que estão a matar o futebol amador. Gostava que quem toma estas e outras decisões nos gabinetes fossem durante uns meses trabalhar no terreno para ver a realidade.

S- Fala-me do protejo Sanjoanense?
PN- É um clube que atravessa dificuldades como quase todos, é um clube que me toca no coração pois foi aqui que fiz uma parte da minha formação, a grande meta e conseguir formar uma base para não se ter de formar uma equipa todos os anos.

S- Quais foram os motivos que encontras por terem descido de divisão?
PN- O principal foi ter de formar uma equipa totalmente nova e numa divisão de honra paga se caro por isso. Repara fizemos 14º lugar com 35 pontos, quando no ano anterior uma equipa que já vinha junta a alguns anos fez 14 lugar com 38 pontos e toda a gente concorda que fizeram um excelente campeonato. Foi realmente uma descida mas se houve dez equipas que festejaram uma subida e que acrescentaram uma subida ao currículo então eu não desci.

S- Identificaste os problemas, e o que necessitavas para melhorar para esta nova época?
PN- Sim estavam identificados e quando aceitamos continuar temos sempre o objetivo de melhorar. No fim faremos as contas.


S- Quais são objetivos para esta época? Achas possível alcançar?
PN- Os objectivos da direcção e fazer um campeonato tranquilo. O objectivo do grupo esta na nossa casa do futebol "o balneário”. Sim é possível.

S- Quem são os principais candidatos á subida de divisão?
PN- Tojal e Vilafranquense.

S- Se pudesses reforçar mais um sector qual seria?
PN- Estou super satisfeito com os meus. São os 24 melhores desta divisão.

S- Para finalizar, com os anos que já estás no futebol, diz-me o nome de 2 ou 3 jogadores que podiam estar a jogar a um nível superior ( nome, e posição e clube onde jogam)?
PN-  João Job do Loures médio defensivo. Acredito que em breve vai estar noutros patamares.

Nelson Torres do Futebol Benfica defesa esquerdo ou ala, muito talento pena ter aparecido tão tarde.

Hugo Rocha do Povoense central. Jovem com muita qualidade futebolista, tem de melhorar enquanto homem. Não pode assinar por dois clubes ao mesmo tempo.

S- Abraço meu amigo!
PN- Grande abraço amigo.

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