Olá amigos,
Hoje tenho a oportunidade de falar de mais uma pessoa que
anda neste mundo do Futebol, Pedro Navalho. Como tinha escrito na minha
ultima entrevista, este senhor, foi mais uma pessoa que marcou a minha carreira
de futebolista. Estava eu com 22 anos, quando rumo de Loures para o Carregado
(foi dos poucos clubes onde fiquei 2 anos seguidos), onde encontrei uma família,
um grupo fantástico, liderada pelo Navalho, o capitão. Naquele gigante, de voz
grossa em campo, vi uma pessoa frontal, honesta, amiga, preocupado com o grupo,
sensível a todos os problemas do balneário, justo, e quando tinha que discordar
com um diretor assim fazia. É importante
dizer que tive bons capitães, mas a diferença do Navalho e como o Vítor, é que
não eram necessariamente coniventes com a direção, ou seja, existe muitos que
estão lá para gerir o balneário, e controlar, e muitas vezes não tem a coragem
(ou é conveniente) de ir contra as ideias do diretores, estes tinham essa
coragem.
Como jogador, era um leão (sei que não é do Sporting), um
gladiador, inspirava toda a equipa, motivava todos os jogadores, e não permitia
que ninguém baixasse os braços, confesso que o grito dele era intimidador para
mim, ou seja, eu sabia que não podia parar de lutar, pois ele perdoava o erro,
não perdoava falta de atitude e de empenho, tínhamos que deixar a pele em
campo. Curioso é que fora do campo é uma paz de alma. Ganhei muito respeito
pela pessoa, e pelo atleta, e a sua postura no futebol foi também inspiradora
para mim, e para o meu crescimento pessoal (isto que estou a escrever é a
primeira vez que digo, e sei que ele não sabe disso porque nunca comentei, mas
é um facto). Existem pessoas que passam na nossa vida e deixam a sua marca,
Navalho é uma dessas pessoas.
Abraçou agora a carreira de treinador, não sei como treina,
mas uma coisa tenho a certeza, que a sua postura perante o Futebol é igual, é a
mais correta.
Entrevista:
S- Nome, idade, clube atual?
PN- Pedro Navalho, 38 anos, S.C.Sanjoanense
S- Clubes que já treinaste?
PN- Santa Iria, Vila Franca do Rosário e Sanjoanense
S- Quando é que decidiste que ias ser treinador?
PN- Quando joguei no Santa Iria quis experimentar a treinar
uma equipa. Comecei por treinar os juvenis e foi uma experiência incrível mas o
gosto por jogar sempre foi mais forte. Por uns tempos deixei de pensar nessa
via no futebol ate que apareceu a lesão.
S- Sei que tiveste um final de carreira como jogador difícil,
fala-me dessa situação, o que sentiste?
PN- No dia 19 de Agosto de 2009 no campo do bucelas
rasguei o tendão de Aquiles. Esta lesão levou me a acabar a carreira de jogador.
A operação correu bem e sentia me motivado que seria possível voltar a jogar após
2 meses e meio comecei a fisioterapia, fazia numa clínica de manha e a noite no
clube fazia novamente. Aqui tenho que agradecer a Joana pela paciência que teve
comigo. Cada dia que passava mais motivado estava, inscrevi-me no ginásio para
ganhar massa muscular. Em Dezembro fui a ultima consulta no hospital, fui super
satisfeito porque tinha a certeza que ia ser dada a alta medica. O medico
perguntou me como me sentia e expliquei que estava super bem e ele olha para mim
e diz ainda bem Navalho que não ficaste com nenhuma mazela mas futebol de
competição esquece, joga na brincadeira com amigos. E ai senti um vazio enorme,
a dor foi maior do que quando rasguei o maldito tendão. Mas hoje compreendo que
me tenha só dito no fim que não jogaria mais, pois se calhar não tinha
recuperado tão bem.
S- Fala-me da tua primeira experiência como treinador, o
que aprendeste? Tiveste que mudar algo em ti?
PN- A primeira experiência foi como treinador dos juvenis em
Santa Iria. Tinham uma boa equipa e praticamente a única coisa que era preciso
foi mudar o psicológico deles pois perder era normal para eles. Como treinador
de seniores foi muito parecido pois também teve que ser feito um trabalho mais psicológico
porque o valor eles tinham. Aprendi que devemos de acreditar sempre no nosso trabalho,
ter muito rigor e disciplina. Não mudei praticamente nada pois continuo sempre
a defender o meu grupo mas já o fazia enquanto jogador.
S- Achas que podias ter continuado com o projecto? Tinhas
condições?
PN- penso que tas a falar do projecto Vila Franca do
Rosário. Sim acho que podia continuar. Sou despedido por telefone após a
derrota em casa com o Tires que acabou por subir de divisão. Mas o grande
culpado desta situação fui eu. Não sou de me esconder, assumo sempre a culpa
nas derrotas. Aprendi muito neste ano. Quando subi de divisão devia ter dito ao
presidente para escolher entre mim e um treinador que estava no clube, os dois
no clube não era possível. Agora faz sentido quem não mata morre.
S- O que achas que é a vida de treinador? O que difere da
vida de jogador?
PN- Talvez se viva a base de resultados, talvez por isso
se houve tantas vezes as desculpas com árbitros, com os campos, com o tempo,
com as bolas enfim tudo serve de desculpa na hora da derrota. A minha vida de
treinador e passar o maior possível de ensinamentos que tive enquanto jogador,
quero conquistar vitorias e tenho conquistado muitas, a maior delas todas e ser
respeitado por todos ou quase todos agentes do futebol. A grande diferença e
que enquanto treinador não conseguimos desligar o chip do futebol, estamos sempre
a pensar na nossa equipa.
S- Como classifica esta nova reorganização dos
campeonatos?
PN- Acho que estão a matar o futebol amador. Gostava que
quem toma estas e outras decisões nos gabinetes fossem durante uns meses
trabalhar no terreno para ver a realidade.
S- Fala-me do protejo Sanjoanense?
PN- É um clube que atravessa dificuldades como quase todos,
é um clube que me toca no coração pois foi aqui que fiz uma parte da minha formação,
a grande meta e conseguir formar uma base para não se ter de formar uma equipa
todos os anos.
S- Quais foram os motivos que encontras por terem descido
de divisão?
PN- O principal foi ter de formar uma equipa totalmente
nova e numa divisão de honra paga se caro por isso. Repara fizemos 14º lugar
com 35 pontos, quando no ano anterior uma equipa que já vinha junta a alguns
anos fez 14 lugar com 38 pontos e toda a gente concorda que fizeram um
excelente campeonato. Foi realmente uma descida mas se houve dez equipas que
festejaram uma subida e que acrescentaram uma subida ao currículo então eu não
desci.
S- Identificaste os problemas, e o que necessitavas para
melhorar para esta nova época?
PN- Sim estavam identificados e quando aceitamos
continuar temos sempre o objetivo de melhorar. No fim faremos as contas.
S- Quais são objetivos para esta época? Achas possível
alcançar?
PN- Os objectivos da direcção e fazer um campeonato tranquilo.
O objectivo do grupo esta na nossa casa do futebol "o balneário”. Sim é possível.
S- Quem são os principais candidatos á subida de divisão?
PN- Tojal e Vilafranquense.
S- Se pudesses reforçar mais um sector qual seria?
PN- Estou super satisfeito com os meus. São os 24
melhores desta divisão.
S- Para finalizar, com os anos que já estás no futebol,
diz-me o nome de 2 ou 3 jogadores que podiam estar a jogar a um nível superior
( nome, e posição e clube onde jogam)?
PN- João Job do Loures médio defensivo. Acredito
que em breve vai estar noutros patamares.
Nelson Torres do Futebol Benfica defesa esquerdo ou ala,
muito talento pena ter aparecido tão tarde.
Hugo Rocha do Povoense central. Jovem com muita qualidade
futebolista, tem de melhorar enquanto homem. Não pode assinar por dois clubes
ao mesmo tempo.
S- Abraço meu amigo!
PN- Grande abraço amigo.
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